terça-feira, 24 de maio de 2016

Propostas de reforma da CLT criam polêmica.






Propostas de reforma da CLT criam polêmica.
 
O vice-presidente Michel Temer nem assumiu a Presidência, mas as 
reformas que podem ser propostas em um possível governo dele despertam 
polêmica entre adversários e simpatizantes.
 
No campo trabalhista, as ideias encampadas pelo PMDB no documento Ponte 
para o futuro preveem que as “convenções coletivas prevaleçam sobre 
normas legais”. A intenção é assegurar negociações diretas entre 
empresários e empregados, como acontece em países com maior 
flexibilidade nas relações de trabalho, a exemplo dos Estados Unidos.
  Somente na Câmara dos Deputados há, parados, pelo menos quatro projetos 
de lei que flexibilizam regras trabalhistas. Pessoas ligadas a Temer 
acreditam que as propostas voltarão a ser discutidas na Casa. 
Considerado um dos projetos mais completos e alinhados com o programa 
dos peemedebistas, o PL 8.294/14 incorpora na Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT) a livre estipulação das relações contratuais.
 
Na avaliação de Mílton dos Santos Rezende, diretor da Conselho Diretivo 
da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a proposta retira direitos dos 
empregados. “Ela tira os sindicatos das mesas de negociação, de forma 
que a discussão passa a ser individual. Em uma situação de pressão o 
tempo inteiro, o emprego corre risco. Na negociação coletiva, há uma 
categoria mobilizada e organizada discutindo coletivamente a pauta.”
 
Para Rezende, as relações de trabalho nos EUA são particularidades 
daquele país que não devem ser adaptadas ao Brasil. “Lá o acerto 
individual é normal, por uma questão de cultura. Mas algumas categorias 
já estão negociando os direitos de forma coletiva”, disse. Segundo ele, 
a flexibilização das leis trabalhistas pode apresentar resultados 
momentâneos, mas é preciso uma política estruturante de longo prazo.
 
“O que temos que construir é uma política de desenvolvimento e de 
emprego. Uma gestão que garanta desenvolvimento e obras terá crescimento 
de emprego e renda”, disse Rezende, destacando o Programa de Proteção ao 
Emprego (PPE), do governo federal, como molde ideal de flexibilização em 
períodos de recessão. No PPE, a jornada de trabalho e os salários podem 
ser reduzidos em até 30%, e o governo banca a diferença que o 
trabalhador deixa de receber. “A melhor forma é reunir governo e 
sindicatos para discutir quais as melhores saídas, sem romper contratos 
de trabalho e preservando as taxas de lucros das empresas. Não podem 
haver propostas em que só o trabalhador paga a conta.”
 
Cautela
 
Mesmo entre aliados de Temer no Congresso, não há consenso em relação à 
reforma trabalhista. O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o 
Paulinho da Força, ligado à Força Sindical, assegura que o peemedebista 
“não mudará os direitos trabalhistas”. Mas auxiliares ligados ao 
vice-presidente acreditam que ele não abrirá mão de debater o assunto, 
garantindo, porém, que direitos básicos, como férias e 13º salário, 
serão mantidos.
 
Na própria Câmara, alguns projetos de flexibilização não agradam 
representantes de classes patronais e parlamentares. São os exemplos do 
PL 1.875/2015, que acrescenta à CLT a possibilidade de suspensão de 
contrato de trabalho em caso de crise econômico-financeira da empresa; e 
do PL 5.019/2009, que prevê a redução da jornada de trabalho na 
companhia que registrar queda média de 20% ou mais nas vendas nos três 
meses anteriores. Para o deputado Laércio Oliveira (SD-SE), 
vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e 
Turismo (CNC), são duas propostas sem apelo.
 
“É preciso tomar muito cuidado com projetos que abordam aspectos como 
esses. Primeiro, o que é crise? Por que uma redução da jornada de 
trabalho nessas condições? Não são critérios muito certos. Existem 
empresários e empresários. É preciso promover projetos que modernizem as 
relações de trabalho, mas com racionalidade, estabelecendo normas 
bastante claras e preservando os direitos básicos. Da forma como estão, 
medidas assim não têm meu apoio”, salientou.
 
Para Laércio Oliveira, desenrijecer as leis trabalhistas não implica 
perda de direitos trabalhistas. Para ele, a CLT é ultrapassada e engessa 
as relações de trabalho. “Nenhum desses projetos atinge o empregado com 
a retirada de seus direitos. Conquistas são sagradas. A modernização das 
leis de trabalho busca a preservação de empregos”, disse. Para ele, 
propostas que prevejam condições de trabalho intermitente ou jornada 
flexível podem garantir competitividade da mão de obra, manutenção e 
geração de empregos, principalmente em um cenário de recessão.
 
 
Fonte: Correio Braziliense, por Rodolfo Costa, 06.05.2016
 
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