A Justiça
do Trabalho já prepara um plantão extraordinário em São Paulo entre maio e julho
para avaliar greves que ocorrerem com a proximidade da Copa do Mundo.
O
objetivo é agilizar os julgamentos que chegarem ao TRT (Tribunal Regional do
Trabalho) da 2ª Região e assim evitar possíveis prejuízos durante o evento
esportivo.
Normalmente, os juízes trabalham de segunda a sexta-feira, e
os julgamentos de greves ocorrem às quartas. Com o plantão, eles poderão ser
realizados inclusive aos finais de semana.
Ao menos 16 categorias
profissionais querem aproveitar o calendário da Copa para tentar conseguir
aumentos acima da inflação e ampliar direitos trabalhistas, como mostrou
reportagem da Folha no domingo passado.
Dentre elas estão aeroviários,
rodoviários, segmento de alimentação e telefônicos. Metade das categorias está
no setor de transporte.
São trabalhadores com data-base no primeiro
semestre ou que pretendem antecipar suas campanhas para evitar que as
negociações se arrastem por causa do evento esportivo e das eleições.
Segundo o juiz Rafael Edson Pugliese Ribeiro, que preside a seção de
direito coletivo do TRT, uma equipe com dez juízes manterá plantão
extraordinário entre 15 de maio e 15 de julho.
A seção é composta por 12
juízes, dos quais entre 6 e 10 já participam dos julgamentos. "Não haverá
aumento de efetivo. Mas atuaremos em esquema de prontidão", afirma.
"Se
a greve ocorrer numa sexta, a ideia é julgá-la já no sábado. Se for no sábado,
pode ser avaliada no domingo."
Desde janeiro, já existia a preocupação
do Judiciário com os rumos que os protestos poderiam tomar com a proximidade da
Copa.
"As greves têm custo para trabalhadores, empregadores e população.
Quanto mais ágil for a nossa decisão, menor é esse custo e melhor será para
todos", afirma.
Para Ribeiro, a Copa não pode ser usada como uma forma
de "expor o país a uma humilhação internacional", como no Carnaval, quando houve
greves de garis.
"O movimento é legítimo quando segue um ritual de
negociação. Com o impasse, a greve deve ser usada como último recurso. E uma
coisa é negociar pedindo reajuste ao redor do INPC, de 5%. Outra é pedir 50% e
usar a Copa como forma de resgate social", diz o magistrado.
CLAUDIA
ROLLI DE SÃO PAULO
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