O Chico Buarque do STF
Carlos Ayres Britto, novo presidente do Supremo Tribunal Federal, gosta de poesia, meditação e de discursar a favor das mulheres
Na noite de 12 de abril, uma imagem foi reproduzida à exaustão nas redes sociais – a foto do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a seguinte legenda: “As feministas pira”, assim mesmo, com erro de concordância, numa referência à piadinha “as mina pira”, que bombou há algumas semanas na internet. E o que Ayres Britto, um senhor grisalho, 1,58 metros e semblante pacato, tinha feito para despertar tamanho assanhamento feminino? Com a firmeza embalada em poesia, que lhe rendeu o apelido de Chico Buarque do STF, Ayres Britto fez, naquele dia, um discurso histórico a favor da interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Citou, inclusive, o próprio Chico, na música Pedaço de mim: “A saudade é o revés de um parto, é arrumar o quarto de um filho que já morreu”. No caso de um feto sem cérebro que não irá sobreviver, disse Ayres, não há quarto, só sofrimento. “Levar às últimas consequências esse martírio contra a vontade da mulher corresponde a tortura, a tratamento cruel. Ninguém pode impor a outrem que se assuma enquanto mártir, pois o martírio é voluntário”, discursou. As feministas piraram.
No dia 19 de abril, Carlos Ayres Britto assumiu o posto máximo do STF, a presidência do órgão. A julgar pela postura nos discursos com que justificou seus votos no Supremo, pode-se dizer que as mulheres têm nele um aliado. Ou, pelo menos, um homem sensível à questão feminina. Em fevereiro, Britto foi um dos ministros a votar a favor da proposta de que a Lei Maria da Penha fosse aplicada mesmo quando a mulher não denuncia o agressor. “ Num contexto cultural patriarcal e machista como o nosso, a agredida tende a ser condescendente com o agressor. A lei precisa proteger a agredida dela mesma, de sua vulnerabilidade histórica”, afirmou. Em maio de 2011, ele também despertou simpatias feministas ao expressar seu voto a favor da união homoafetiva. “Homens e mulheres não podem ser discriminados em função do sexo que nasceram. Também não podem ser alvo de discriminação pelo empírico uso que vierem a fazer da própria sexualidade”, discursou. Ao votar a favor da divisão da pensão entre a esposa e a concubina, em 2009, ele defendeu que a família existe, independentemente de um dos membros do casal ter outra relação concomitante. Se as mulheres dividiram o home em vida, argumentou, nada mais justo que o façam em morte. Foi voto vencido, mas na época chamou a atenção pela forma pouco conservadora como analisou tema tão incendiário.
Carlos Ayres Britto nasceu em Propriá, cidade sergipana com menos de 29 mil habitantes. Em novembro, quando completar 70 anos, terá que deixar o cargo. Até lá, enfrenta aquele que é chamado de o “julgamento do século”, o mensalão,o maior escândalo de corrupção do governo Lula. Nas horas vagas, para relaxar, Ayres Britto dedica-se à meditação e à literatura - tem seis livros de poesia publicados. Em um de seus poemas, Conselho, o magistrado recomenda que se “namore bem com a vida/deixe que ela seduza você/ permita-se ter um caso de amor com ela/ mas não pare por aí/ faça tudo isso e prove da vida/ como o néctar das flores/ prova o colibri/ sem se perguntar se existe outro céu/ fora daqui”. A quem interessar possa, o feminista, poeta, gentil e bem sucedido Carlos Ayres Britto, é casado.
No dia 19 de abril, Carlos Ayres Britto assumiu o posto máximo do STF, a presidência do órgão. A julgar pela postura nos discursos com que justificou seus votos no Supremo, pode-se dizer que as mulheres têm nele um aliado. Ou, pelo menos, um homem sensível à questão feminina. Em fevereiro, Britto foi um dos ministros a votar a favor da proposta de que a Lei Maria da Penha fosse aplicada mesmo quando a mulher não denuncia o agressor. “ Num contexto cultural patriarcal e machista como o nosso, a agredida tende a ser condescendente com o agressor. A lei precisa proteger a agredida dela mesma, de sua vulnerabilidade histórica”, afirmou. Em maio de 2011, ele também despertou simpatias feministas ao expressar seu voto a favor da união homoafetiva. “Homens e mulheres não podem ser discriminados em função do sexo que nasceram. Também não podem ser alvo de discriminação pelo empírico uso que vierem a fazer da própria sexualidade”, discursou. Ao votar a favor da divisão da pensão entre a esposa e a concubina, em 2009, ele defendeu que a família existe, independentemente de um dos membros do casal ter outra relação concomitante. Se as mulheres dividiram o home em vida, argumentou, nada mais justo que o façam em morte. Foi voto vencido, mas na época chamou a atenção pela forma pouco conservadora como analisou tema tão incendiário.
Carlos Ayres Britto nasceu em Propriá, cidade sergipana com menos de 29 mil habitantes. Em novembro, quando completar 70 anos, terá que deixar o cargo. Até lá, enfrenta aquele que é chamado de o “julgamento do século”, o mensalão,o maior escândalo de corrupção do governo Lula. Nas horas vagas, para relaxar, Ayres Britto dedica-se à meditação e à literatura - tem seis livros de poesia publicados. Em um de seus poemas, Conselho, o magistrado recomenda que se “namore bem com a vida/deixe que ela seduza você/ permita-se ter um caso de amor com ela/ mas não pare por aí/ faça tudo isso e prove da vida/ como o néctar das flores/ prova o colibri/ sem se perguntar se existe outro céu/ fora daqui”. A quem interessar possa, o feminista, poeta, gentil e bem sucedido Carlos Ayres Britto, é casado.
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